sexta-feira, 17 de abril de 2020

Algum tempo mais tarde....

Observo minha avó já com a mente praticamente obscurecida pelos problemas decorrentes de AVC
enquanto ela julga o ator da novela, julga o repórter, julga a garota do comercial, cita de

modo depreciativo outro personagem qualquer.Enquanto ela diz que fulano merecia apanhar ou

o outro quer bater nele. Assim foi ensinada a geração dela. Educada por uma geração que

julgava e reprimia, educada por outra que chicoteava e era chicoteada, e por outra e outra. Uma

sociedade que escondia, embaixo das saias longas, das armações, dos espartilhos. Tudo

deveria ser escondido. Terno, chapéu, suspensórios. A mulher deveria ter carnes para

satisfazer ao homem, deveriam estar escondidas pelos metros de tecido. Não escondia

apenas o corpo. Mas o desejo, e rotineiramente a violência, tida como parte do relacionamento

tradicional. Educada, prendada, sofisticada. Mas renegada a espera do retorno do marido, a

espera dos filhos, ao cuidado de uma família. O passatempo era sentar no sofá ou no portão,

com lanches e amigas na mesma situação e … julgar. A moça que passava apressada, o

jovem correndo atrás do bonde, o empregado desleixado, a criança bagunceira. E assim a vida

seguia.

As gerações seguintes repetiram os padrões, com mudanças pouco identificáveis de uma para
outra mas que depois de algumas décadas se fizeram perceber.

Algum tempo mais tarde, queimaram os sutiãs, queimaram os espartilhos, queimaram o véu onde
tudo ficava escondido. Tudo veio a tona, as mulheres tinham desejo, ardente, elas sofriam

abuso, violência, queriam ser amadas e respeitadas. Os homens desejavam também, queriam

sexo selvagem, ardente, mas muitos achavam que não era com suas mulheres que deveriam

tê-lo. Amantes. Outras mulheres e outros homens, resolveram dizer ao mundo que sim,

gostavam de outros homens, preferiam eles a suas esposas, as mulheres também gritaram

que outras mulheres era o que elas desejavam. Um grito de liberdade se espalhou pelo mundo.

Mas algo foi esquecido de ser revisto...O julgamento. As mesmas pessoas que pedem

liberdade para viver suas vidas, apontam o dedo para vizinha que se assume lésbica, pro gay

espancado num beco ao sair da boate. Pra garota estuprada na saída do turno noturno da

faculdade. Não defendem, não acolhem. Buscam desculpas para justificar o fato. Alguns

discordam desse posicionamento, acham absurdo a defesa desses fatos. Esse padrão é

seguido por mais algumas décadas. A opinião discordante foi crescendo e se tornando maioria,

ensinando a seus filhos, discutindo com os amigos e família a importância do respeito ao

universo do outro, do direito a vida, a intimidade, o livre arbítrio.Não me julguem, eu sei que o

cenário apresentado ainda está em construção, mas não vamos regredir. Vamos em frente.

Nossos pais e avós não entendem bem como construímos nossas vidas, como homem e

mulher trabalham fora, como ainda existem casamentos, como as pessoas se divorciam e se

casam com outras de mesmo sexo, como todos acham isso normal.

Enquanto escrevo isso, se desenrolou uma confusão na rua e fui ver o que era: Uma mãe obrigando
a filha a voltar para casa e ficar com o marido que ela não queria mais.

Olhando do nosso ponto de vista privilegiado, precisamos entender por tudo que as gerações
anteriores passaram, agradecer por terem nos dado a vida, agradecer pela instrução que foi

dada. Por todas as lutas que eles travaram e que nós, hoje, colhemos o fruto. Foi difícil, sim,

cada batalha vencida. Cada negro morto chicoteado criou um Presidente de Estado, cada

mulher violentada criou uma Mariele, cada jovem impedido de viver seus sonhos por qualquer

motivo, criou um artista,um autor, um advogado exercendo uma profissão que lhe dá

paixão,vivendo uma vida melhor e mais livre. Que a partir disso, possamos continuar esse

trabalho incrível, sim, um trabalho de evolução, de crescimento da nossa espécie, de nossas

famílias. Nossa geração e talvez até a próxima, fomos  criados entre a liberdade e o

julgamento. Foi nos dado muito mas sem entender que merecíamos isso, que era nosso

direito. Tivemos que lutar para viver o que queríamos mas esquecemos desse fato ao olhar o

outro e julgar sua luta tão próxima e parecida com a nossa. Nossa luta é contra o julgamento de

cada uma das liberdades que ganhamos. Reconhecer nosso direito de ser quem somos e

vibrar com cada pessoa que alcança seu verdadeiro Eu. Talvez a missão de curar toda nossa

ancestralidade com anos de sofrimento seja um fardo árduo demais para carregar, mas se

cada minuto do nosso dia estivermos atentos e pudermos estender a mão, ajudar, dizer uma

palavra a qualquer pessoa, que possa estar passando por uma vulnerabilidade, uma violência,

uma depressão, que esteja num dia bom ou ruim. Se pudermos viver com a consciência de

que somos irmãos e que merecemos não só o direito, não só a liberdade mas também a

aceitação e respeito, quem sabe nosso comportamento não inspira as próximas gerações a

terem gestos semelhantes e melhores e possamos fazer parte da reconstrução do nosso

mundo.


terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Black Friday do Autoconhecimento


Olá.

Voltando aqui hoje rapidinho para deixar para vocês um áudio que está atrasado, mas não deixa de fazer sentido.

Espero que goste.

Até mais

 https://drive.google.com/open?id=1LBL1onMWNORmhD2P2trgXohL903jTF0s

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Você sabe o que fazer.... Se mantenha em movimento.

Olá pessoas.
Mais uma vez fiquei um tempo longe, mais uma vez me surpreendi com o rumo que minha vida estava tendo. Nada mudou de verdade, mas eu mudei, modifiquei a forma como encarava minha vida, meus dias, as pessoas ao meu redor.
Entrei de cabeça nos estudos, quanta coisa aprendi nos últimos 8 meses. Quantas eu achei que nunca teria oportunidade de aprender.
Estou aqui em um novo momento de pausa, aquele momento em que um projeto foi finalizado da melhor forma que encontrei, foi um belo planejamento, um bom resultado final,mas passou o momento em que eu poderia fazer alguma coisa, está completamente nas mãos de Deus agora. Seguindo em frente, já decidi meu novo projeto,fiz meu planejamento e estou pronta pra reiniciar,acreditando sempre na vitória. Claro, o melhor é sempre aproveitar o processo,e tenho feito isso, aproveitado cada minuto do processo,isso faz tudo mais leve, mais tranquilo,mais feliz.
Algumas coisas que tenho aprendido nesse caminho até aqui eu gostaria de passar pra quem me segue. Sabe, eu entendo as dúvidas, a pressão, os afazeres , mas não podemos deixar que tudo isso atravanque nossas vidas. As pessoas sempre vão falar e pensar de nós o que elas não sabem, o que não te perguntam ou aquilo que não lhes interessa saber e esta tudo bem. Você não será menos ou mais pela opinião de alguém que não conhece suas lutas, seus medos e lágrimas,muito menos seus sorrisos. Deixe que falem, deixe que achem. Pode ignora-los por enquanto? Se você puder se afastar dessas pessoas,que ótimo, se não, se mantenha focado nos seus objetivos, pense no presente. Não importa o que pode acontecer no caminho, apenas foque no agora.
O que você pode fazer hoje para tornar a coisa mais importante pra você,seu objetivo,mais fácil?
Aproveite a estrada. Eu aposto que independente de qual seja o que está buscando, consegue ver alegria, humor, aprender algo, se orgulhar, todos os dias podem ser melhores em algum aspecto. E se existe algo que não te impulsione na busca pelo seu objetivo e ainda faça mal para sua vida, o que isso ainda faz em sua vida? De adeus e siga em frente. Apenas aquilo que te façam crescer devem ter sua preocupação.
Nós sempre teremos dúvidas,medo,receio. O importante é apesar do medo,da dúvida, do receio,acordar todos os dias,estabelecer nossas prioridades até o fim do dia, acreditar no que estamos fazendo, planejar nosso futuro, rever esse plano sempre que necessário, Ter fé. Que tudo dará certo, que tomamos a decisão certa, não importa qual seja ela.

Fico feliz das mudanças que aconteceram no meu caminho nos últimos tempos, desde minha ultima postagem. Que possa mudar ainda mais, e em breve voltar aqui e dizer que eu consegui. Que o sucesso veio,mesmo com medo, mesmo sem saber o que fazer,mas que me mantive em movimento e valeu a pena.

Não pare. Continue se movendo, você sabe o que fazer, agora corre !

quinta-feira, 7 de junho de 2018

O que estou fazendo da minha vida?

A pergunta que me faço todos os dias que acordo: O que estou fazendo com minha vida?

Cara, todos os dias imagino o que quero pro futuro,e não vejo um futuro pra mim.
Vejo mil pessoas fazendo coisas que eu gostaria, falando sobre o que me interesso, e simplesmente não vejo como eu poderia ter mesmo que um sucesso medíocre naquilo.
O tempo todo pensando: Putz fiz uma faculdade,tenho que exercer isso;Putz gostei do curso e tudo tenho que exercer; Putz falaram que se não me especializar não vou arrumar um emprego,tenho que me especializar estudar mais nessa areá.Mas caramba...será que vai ser realmente esse o futuro? Eu percebo e acredito que o mundo tem milhões de possibilidades, se um amigo meu chega pra mim e fala: quero seguir tal areá, será que vai dar certo? Vou dizer com certeza,vai pow. O mundo é imenso, quando paramos para analisar,apenas no nosso país existem coisas que nunca imaginamos,e outras pessoas estão seguindo essas vidas, essas carreiras.Fazendo boas ações,cometendo crime, tudo antes inimaginável e  vemos acontecer.
Mas não consigo visualizar isso pra mim. Alias  não consigo visualizar nada pra mim. Nem na minha areá de estudo atual, ou nos meus interesses em mídia e conteúdo digital, espiritualidade e terapias holísticas, fitness,rs,psicologia,feminismo...Caramba,quanta coisa eu gosto que quando olho pra fora da minha bolha vejo gente vivendo disso,ganhando dinheiro, curtindo e eu fico tipo....

Todos os dias peço uma luz,e sigo um pouco de cada  um desses caminhos pra ver se mais a frente algum da um resultado.
Mas no final eu só me sinto pior mesmo... :-(

Eu gosto de colocar esses pensamentos em um lugar,por que ai quando as coisas estiverem drasticamente diferentes eu posso voltar e ver o que fiz sobre isso.

Até a próxima... o/

quarta-feira, 21 de março de 2018

Perdida

Finalmente comecei a entender.Essa coisa de estar lá e aqui, pra lá e pra cá. Melhor aqui, mais confortável lá.
Eu quero o meu espaço, a minha oportunidade de construir uma vida, comprar acessórios, cozinhar, lavar minha louça, inventar minhas receitas. Ter minha vida, meu dinheiro...Isso trará de volta o senso de direito de ir e vir que não percebo mais em mim.
Entretanto, não vejo nenhuma forma disso acontecer ainda, mas já vi tanto acontecer, sei que isso vai se resolver na hora certa. Mas a ansiedade de quem já esteve por muito tempo preso em algo angustiante é desesperadora.

segunda-feira, 19 de março de 2018

De volta...

Olá de novo.
Apos tanto tempo longe vim olhar as postagens antigas. Vi sobre saudade. Se eu soubesse....

Quanta saudade ainda estava por vir. Quanta loucura e medo e angustia e tanta coisa ainda precisaria enfrentar. Perdi meu ponto de apoio, que me fazia ver que mesmo no meio do turbilhão eu sabia que havia um motivo para aquilo tudo. Ela se foi. Não vejo motivo pra isso,não tenho mais vontade de achar uma razão.
Agora para cada lugar que olho acho julgamentos,cada momento tenho que pensar:
Pelo que estão me julgando hoje?
Pelo que devo me culpar hoje?
Em que devo refletir e buscar novo significado hoje?
Hoje quero sair correndo ou será que aguento ficar?
Alguns momentos passaram como um borrão. Uma busca e dependência desesperada para encontrar a alegria,um motivo para sorrir que fosse, depois veio a realidade onde teve que encarar que talvez tudo que tivesse vivido, cada sacrifício feito tivesse sido em vão. Então o desespero para recuperar o tempo perdido, seja com trabalho,viagem, sair de casa,voltar aos estudos. Mas o tempo teve um preço, ele é como mágica, sempre tem um preço:esquecer de si,perder interesse nas atividades favoritas, sem concentração para os temas preferidos.Como se recuperar disso,se a vida atropelou os sonhos,as vontades,a fé,a rotina uma vez amada.Nada parece importar mais.

Mais do que uma forma de buscar construir uma vida, o desafio é reconstruir a vontade de viver.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Saudades...

Saudades de escrever.
Saudades das pessoas, dos dias, das noites, da normalidade e do que era louco também.
Não sei bem o que passa na minha cabeça, mas geralmente quando paro pra pensar é isso. Falta!?
De quem não pode sentir, por que me fez mal.
Do que eu achava ruim sem imaginar o que estava por vir.
Do conhecimento, da forma, da paixão.
De acreditar na oração.
Tá bem, essa foi pra rimar rs.

Por que nos pequenos fragmentos de mim ainda existe graça, leveza, música, risada. Adoro perceber eles, que estão presentes naquele momento, respirar fundo, sem peso algum no coração.

Eu só queria alguém pra conversar, e lembrei que antes de ter a quem tudo contar, conversar comigo era a única maneira.
E mesmo nisso sinto falta, afinal, era mais fácil falar com outra do que comigo mesma.

Não, não quero incomodar. Sei lá com quem vocês concordam, o que pensam de minhas opiniões. Por divergência tô aqui sozinha hoje, então se faz tempo não vou chamar, quem sabe tô atrapalhando, quem sabe sou também a única a recorrer. Não tenho como saber.